quarta-feira, 8 de outubro de 2008

a vida é curta, aurel.

Hoje terminei de ler Vita Brevis, livro de Jostein Gaarder. É, um nome familiar para alguns; ele é o autor do best-seller O Mundo de Sofia. A leitura partiu da vontade de ler toda a obra do norueguês. Por mais que tenha demorado para, realmente, começar a gostar da obra, amei-a dessa vez. Mas vamos por partes.

Conheci Gaarder em uma tarde em que vagava pela biblioteca da escola, procurando algo bom para ler. Uma coleção de livros bonitos, de lombadas coloridas, tamanhos diversos e aparência bem consevada. É, o velho "não se deve julgar um livro pela capa" não serviu para mim na ocasião. Os nomes, em sua maioria, estranhos a mim, exceto pelo maior de todos: O Mundo de Sofia. No entanto, não recordava o porquê de o título ser famoso. Lendo a orelha, lembrei-me de que sua fama relacionava-se a sua capacidade de resumir a história da filosofia em páginas destinadas a pessoas mais jovens, não necessariamente o leitor habitual de filosofia. Por não ser tão ambiciosa ou por preguiça do tema desse livro, resolvi ler o segundo maior volume: O Dia do Curinga. Como gosto de jogos com baralho, o nome foi um bom atrativo. A descrição também teve lá seu papel atraente.

A história, por sua vez, não deixou a desejar. Me prendeu completamente. Parei de ler na época de provas, mas retornei o mais rápido possível à leitura, assim que voltei de férias e a biblioteca novamente abriu suas portas. De tão apaixonada pelo livro, resolvi encarar o grandalhão. E, para a minha surpresa, li-o mais rapidamente ainda!

Depois, li Maya, Através do Espelho, O Pássaro Raro e, para que lesse todos os livros do autor da biblioteca, faltava-me, apenas, Vita Brevis. Havia deixado-o por último pois não me interessei muito pela história. Mas já estava doida com esse tal de Jostein Gaarder, sua maneira de escrever, suas histórias que nos fazem pensar. Queria ler todos os seus livros e não deixaria um tema não tão atraente me desanimar dessa forma. Porém, acabei desistindo no meio da obra, por uma mistura de falta de tempo e dificuldade de focar minha atenção.

Eis que, procurando algum livro para distrair uma aula desinteressante do Ciclo Introdutório às Ciências Humanas, pensei em procurar outros livros do autor na biblioteca da universidade. Ao ver que os títulos que não haviam lido estavam indisponíveis, exceto por Vita Brevis, a vontade de ler todos os livros do autor voltou com toda a força. O livro anteriormente rejeitado brilhava à luz do desafio. Sempre se pode contar com a beleza de um desafio para estimular situações procastinadas. Então, ecomecei, prometendo a mim mesma dedicar toda minha atenção e boa vontade ao exemplar que tinha em minhas mãos.

Para a minha surpresa, a história me envolveu de forma mágica. Para os desavisados, Vita Brevis, do latim, a vida é curta, apresenta uma carta escrita a Aurélio Agostinho, mais conhecido como Santo Agostinho. O remetente? Ninguém menos que a mulher com quem tal figura tão conhecida viveu por anos e anos, Flória Emília, e que a ele deu um filho. Traz a visão da mulher abandonada, motivada pelas confissões do então bispo de Hipona escrever a seu enerno amor. Flória relembra-o de momentos marcantes da vida do casal, de seu filho e, por fim, questiona o modo como Aurel vê a Deus e seu desprezo pela criação divina.

Além da habitual reflexão que o livro estimula, temos a chance de conhecer um pouco da vida desta personalidade, Santo Agostinho, por um viés menos mistificado e idolatrado que o apresentado pela Igraja Católica. Por fim, acaba-se compartlhando da dor de Flória e de suas dúvidas quanto ao ascetismo religioso negador da vida terrena.

Definitivamente um boa leitura. Fico feliz por não ter deixado minha primeira impressão dessa obra me impedir de aproveitá-la no momento devido. E agora, que venham mais! Inicio amanhã o Mistério de Natal, do referido e amado autor. Aguarde!

Nenhum comentário: